Aninha
Aninha
Aninha
chegou em terras estrangeiras na barriga de sua mãe, ainda no ventre não podia
imaginar o que a aguardava. Sua mãe veio capturada com muito outros negros,
dentro de navio negreiro, alguns o apelidaram de tumbeiro. Vinham sem condições
de sobrevivência, e aos que conseguiam atravessar o oceano, passavam a ter uma
vida escrava. Sem direitos, tratados como animais, como se não fossem gente.
Gente de carne, de osso, de sangue correndo nas veias. Quando sua mãe foi levada
para uma grande propriedade de terras, terras vasta, tão grande que não era
possível ver o fim. Passou a trabalhar em condições sub-humanas, mas mesmo
diante de todas as dificuldades imposta a elas, aninha nasceu. Era fruto de um
lindo amor, que foi interrompido quando sua mãe foi capturada e trazida além
mar. Aninha era experta, brincalhona e muito, muito sapeca. Aninha vivia com
outros negros na senzala, quando cresceu um pouco, pode começar a entender o
que acontecia com seus irmão de cor. Muitas vezes em seu silencio perguntava a Olorum,
o motivo de tamanho castigo. Mas o ancião da senzala o aconselhara a ver a vida
com outros olhos, a ver coisas boas onde aparentemente não existia. Mais tudo
na vida havia os dois lados, e cabia somente a cada um saber aproveitar o que
lhes era oferecido. Aninha se tornou mulher, mas não aceitava de forma alguma o
que acontecia com seus irmão de sangue. A necessidade foi capaz de unir várias
nações, vários povos de regiões diferentes, fez a diferenças se tornarem
pequenas. E na dor de cada um, ouve a união e desta forma, naquele momento esqueciam
tudo. E assim podiam reverenciar suas crenças...
Aninha
ouvia todos os dias as histórias de sua mãe África, ouvia dos seus irmãos de
sangue como era a vida antes de serem capturados e vendidos como objetos, como
coisa. Era um lugar calmo, tranquilo, onde cada um tinha a sua função, onde as
crianças corriam livres pela terra, sem se preocuparem em crescer. Cultuavam ao
seu Deus, pois acreditam que desta forma estariam em equilíbrio com a natureza.
Já aqui na senzala tinham que esconder suas divindades para que não fossem açoitados.
Desta forma nasceu o que hoje chamamos de sincretismo religioso, foi a única
forma de conseguir cultuar seu orixá. Na senzala acharam a necessidade de unir
todos os orixás em um só lugar. Na África cada tribo cultuavam o orixá de
determinada região, mas na senzala era diferente. Tiveram que primeiramente
resolver seus conflitos pessoas, pois haviam no mesmo lugar tribos diferentes e
muitas vezes rivais umas das outras. E um outro grande problemas eram as
línguas, eram as mais diversas, tudo isso dificultavam ainda mais o processo de
familiarização. Tinham que superar conflitos, e ainda tinha a língua, o que
muitas vezes dificultavam a comunicação entre as tribos. Até que perceberam que
se unir seria a única certeza de manter viva, suas origens, e trazer dentro de
cada um a certeza do que ainda acreditavam de verdade. Resolvidos estes
conflitos se aceitaram como irmãos e puderam deixar este legado para seus
descendentes e assim manter viva um pedacinho da mãe África e no que realmente
era importante pra eles. De fato a união de todas as tribos ali presente
naquela senzala, deixou uma novo culto, uma nova religião. Para eles não era
sua religião que estava em jogo, mas sim sua forma de vida. O culto a seus
orixás eram no que eles acreditavam, acreditavam que desta forma estariam conectados
com Olorum, conectados com uma força maior que pudessem conhecer, estavam
conectados com a natureza. E cada ser vivo carrega se a força interna da
natureza.


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