Indios púris e Coroados
Índios Púris e
Coroados
Duas nações indígenas eram muito fortes na região. Os Púris,
com sua natureza hostil e de guerreiros vigorosos, e os Coroados, antropófagos,
mas com pouca vitalidade para a guerra com os brancos. Os coroados tinham os
cabelos cortados em forma de coroa, não tinham sobrancelhas e tingiam os
cabelos com urucum. Os Púris foram empurrados para a região de Entre Rios, São
José de Além Paraíba e Juiz de Fora, e os Coroados foram exterminados antes de
1850. Chamavam o Rio Preto de “Paranaúma”, que em tupi-guarani
significa “rio de pedras escuras”.
Fisicamente, os coroados, em geral, apresentavam estatura
mediana, sendo que as mulheres eram mais baixas que os homens. Apresentavam
pele de tom assemelhado á de um mulato escuro, eram robustos, corpo bem
delineado, visualizando-se músculos aparentes. As crianças que escapavam dos
riscos da lavagem em água fria ao nascer, tornavam-se indivíduos adultos com
muita saúde e notável vigor.
A Nação dos
Coroados dividia-se em pequenas tribos, constituídas por famílias entrelaçadas
e parentes chegados. Cada uma dessas tribos possuía o seu cacique e estavam
sujeitas há uma autoridade superior, de quem dependiam, o cacique principal, a
quem prestavam uma obediência cega. Nada faziam os chefes das tribos
subordinadas sem consultar o cacique principal e, o que este resolvia e
ordenava, era executado com todo o risco e pontualidade. Qualquer falta de
obediência ou dissidência, trazia para o chefe e sua tribo uma guerra de morte
e, quando tal acontecia, raramente tornavam a se reconciliar.
Suas aldeias eram formadas de ranchos com vários tamanhos e
configurações. Construíam ranchos de forma prismática, chamados de
"ranchos de beira do chão", de tamanhos diversos e proporcionados ao
número de indivíduos que deveria conter.
A linguagem
que os coroados falavam era um dialeto que se derivava em grande parte, da
língua tupi e dos guaranis. Porém, de tal maneira alterada e corrupta, por uma
pronúncia um tanto aspirada, que lhes modificava as palavras. Além disso, o
dialeto era muito pobre em palavras, e muitos objetos diferentes tinham o mesmo
nome.
No tempo das
conquistas e das missões dos Padres da Companhia de Jesus, os índios guaranis
conheciam os coroados pelo nome de "caábabal" e de
"caáhan". Os padres ensinaram os guaranis a chamarem os coroados de
curupira (diabo do mato) e de "tapya-caápora" (homem bravio e mau).
Assemelhavam-se, porém todos, sem distinção alguma, no caráter feroz e
sanguinário.
Os coroados
alimentavam-se quase que exclusivamente de frutas. A caça era uma alimentação
secundária, já que para consegui-la, era necessário o desperdício de flechas
(elas quebravam), que muito trabalho lhes dava a fabricação.
As mulheres
coroadas grávidas eram tratadas com mais rigor que as outras. Os índios
Coroados eram muito supersticiosos a respeito das mulheres em estado de
gravidez. “Eram condenadas ao jejum severo enquanto se achavam nessa situação.
Embora os índios fossem muito gulosos pela carne, elas eram proibidas de
prová-la sob o receio de que a criança nascesse com o nariz disforme, nem
podiam comer aves ainda pequenas, para que a pequenez do alimento não fosse
transmitida aos filhos”. O rigor da lei se estendia, também, aos maridos, aos
quais era proibido matar feras e para não serem tentados a isso, eram
desarmados durante o período de gravidez de sua companheira. Logo que a índia
dava à luz, o marido jejuava quinze dias, sem sair de casa; e, em algumas
tribos, o marido ficava de cama, enquanto a mulher se purificava nas águas
fluviais.
Índios Púris
Possuíam estatura baixa, entre 1,35m e 1,65m, rosto largo,
nariz curto, dentes magníficos, olhos oblíquos. Tinham braços musculosos, pelo
de coloração acobreada, cabelos negros e grossos, compridos e abundantes. As
mulheres da tribo mediam em torno de 1,40m.
Os Púris
habitavam em construções rudimentares feitas de madeiras e fibras, e cobertas
de capim, palha ou casca de árvore, ou mesmo folhas de palmito ou brejaúba.
Habitavam toda a região da Mata, eram mais pacíficos e atrasados, viviam nus e
dormiam em buracos cavados na terra. Nadavam muito bem, construíam suas
jangadas e atravessam qualquer rio, exceto as regiões com cachoeiras. Utilizavam
a flecha e o bodoque como armas. Após o contato com os brancos, eram pagos com
cachaça para que prestassem vários serviços aos mesmos, um deles era a abertura
das matas.
Acreditavam
que um ser poderosíssimo e bom os acompanhava. Tinham seus "pajés" e
a eles ficava a incumbência de dirigir as atividades religiosas e rituais da
aldeia, cuidar dos doentes e ministrar-lhes medicamentos, transmitir aos
membros as poucas lendas e tradições de sua gente.
Acreditavam no
feitiço e a eles era reputada, pelas tribos que viviam nas redondezas, a fama
de grandes feiticeiros. Plantavam, em pequena escala, "fava
mangalês", batata-doce, banana e milho. Utilizavam também em sua
alimentação, cará branco, mandioca e abóbora que comiam crus ou cozidos. Apreciavam
o araçá, ananás, abacaxi, goiaba, mamão e coco de vários tipos, sendo a banana,
considerada por eles, fruta nobre. Para eles, o mel representava saboroso
alimento. Da caça e da pesca dependia quase que totalmente sua sobrevivência.
A dança era um
dos divertimentos favoritos dos Púris e a eles era reputada a fama de grandes
dançarinos. As danças religiosas eram realizadas em louvor ao "Sol" e
aos "Astros", de preferência as "Estrelas".
Não existiam
parteiras nas aldeias, as mulheres grávidas ao pressentirem o nascimento
próximo, dirigiam-se para o interior da floresta e lá, forrando o chão com
folhas, davam à luz, inclusive seccionando o cordão umbilical e resolvendo por
si todas as complicações que pudesse advir.
Faziam os Púris
vários objetos para seu uso, empregando a argila faziam suas panelas e enormes
potes, denominados "igaçaba", onde depositavam seus mortos. Faziam
também com barro cozido colheres, pratos, potes para água e outros utensílios
dos mais diversos formatos.
Os vocábulos
indígenas brasileiros, em geral, são todos de característica Tupi-Guarani. Cada
tribo, cada família, dispunha de dialetos próprios, porém, com a mesma origem. Os
Púris não fugiam à regra e tinham seu próprio vocabulário, formando um dialeto
influenciado pelos conquistadores, fossem eles portugueses, africanos ou
indígenas de outras tribos.
A morte
atingia nossos índios muito cedo, eram raros os que viviam mais tempo. Tinham
grande pavor da morte e procuravam evitar assistir a um falecimento dos seus.
Por isso, abandonavam os velhos e enfermos no meio da selva, com o fogo aceso,
alguns galhos secos de árvore, água e comida. Quando morria alguém na tribo, o
sepultamento era feito imediatamente para que os maus espíritos não se
apossassem do corpo. O morto, por sua vez, era amarrado e enrolado em cordas
feitas de embira e logo, em seguida, era colocado em uma igaçaba que lhe
serviria de túmulo, indo com ele sua flecha e seu bodoque, bem como outros
objetos que possuísse.

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